Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Por
Carla Giglio
TOC
ou Transtorno Obsessivo-Compulsivo, quantos de vocês já não ouviu falar sobre o
transtorno!?
Atualmente,
sabe-se muito mais sobre o TOC, do que sabiam há poucos anos atrás...talvez “saber”
nem seja a expressão mais adequada, mas é certo que a sigla hoje em dia é bem
mais conhecida do que há tempos atrás, seja através de conhecidos/familiares,
filmes, reportagens, até mesmo como um dos conteúdos nas aulas de psicologia de
diversos cursos de graduação.
Repetições,
regras, rituais, manias...todos esses são sinônimos pra um dos sintomas
principais do TOC. É curioso ver como isso é parte do dia a dia das pessoas
(com ou sem transtorno), pois muitas das que já ouviram falar, sempre se identificam
de alguma maneira e já se dão o diagnóstico. Provável que pelo fato de ser
psicóloga seja um facilitador, pra não dizer um chamariz, para que as pessoas me procurem com seus diagnósticos
prontos, mas é provável que isso já tenha acontecido entre alguns de vocês
também:
“Sabe,
tenho mania de andar na rua e pular as linhas, acho que tenho TOC.” ou “Vejo um
quadro torto e vou logo ajeitando.” ou “Levo muito tempo tomando banho.”
Brincadeiras
à parte, o que diferencia as manias de um quadro clínico??
Totalizam
dois, os sintomas que configuram um quadro obessivo-compulsivo, e o próprio
nome já diz:
- Obsessões: são pensamentos ou imagens que vêm com freqüência e de forma persistente, provocando grande perturbação, sofrimento e ansiedade na pessoa, pois tem característica intrusiva e inadequada. Essas obsessões não se referem às preocupações do dia a dia e há um entendimento por parte da pessoa, de que esses pensamentos são da sua cabeça mesmo, mas ainda sim, tenta ignorá-los ou controlá-los.
- Compulsões: são os rituais, as repetições, as regras que a pessoa cria na tentativa de amenizar o sofrimento causado por aquele pensamento. Como por exemplo:
“Após voltar da rua, devo colocar a roupa imediatamente pra
lavar, para que eu não corra o risco de trazer contaminações para dentro de
casa.”
No entanto, nem todo ritual tem uma lógica clara (ainda que
exagerada) como no caso acima, as particularidades do transtorno, fica por
conta de cada um, muitas vezes seguido de uma lógica própria, que pra quem está
de fora, não faz sentido algum. Como por exemplo:
“Devo
trancar a casa 7 vezes, do contrário algo de terrível poderá acontecer com
algum familiar.”
E
como todo e qualquer transtorno psiquiátrico, é necessário que haja interferência
social, ocupacional e pessoal, ou seja, tem que atrapalhar no cumprimento de
tarefas, e no caso do TOC, o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 4ª Edição) diz que se as compulsões tomaram mais do que 1 hora do dia,
você pode considerar a possibilidade de ter o transtorno.
Gente, é um
transtorno sério e mais presente do que se imagina, vem acompanhado de muito
sofrimento para o próprio e para os familiares, que geralmente acabam sendo
envolvidos nos rituais.
Dentro dos
sintomas obsessivos e compulsivos temos as categorias, onde a presença destas
irá variar de pessoa pra pessoa:
- Obsessões de
contaminação, conteúdo agressivo, simetria e organização, conteúdo sexual,
superstições, conteúdo religioso;
- Compulsões de
limpeza e lavagem, checagem e verificação, simetria e organização, contagem,
superstições, colecionismo;
Muitos estudos e
pesquisas acontecem para entender o desenvolvimento do Transtorno
Obsessivo-Compulsivo, desde acontecimentos na vida de pessoa que serviram de
gatilhos para o aparecimento até estudos genéticos para identificar alterações
e diferenças na estrutura do DNA de uma pessoa com TOC e sem o TOC. Enquanto
isso, o tratamento é medicamentoso e psicológico, e dentro da terapia, muitos
estudos apontam pra eficácia da TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), que no
caso, fundamenta-se em sessões de exposição e prevenção de respostas. E o que
vem a ser isso?
Resumidamente,
trata-se de expor a pessoa à situação provocadora de ansiedade, de forma que
ela enfrente aquilo que teme, sem ritualizar, até que sua ansiedade baixe.
Apesar da simplicidade da explicação, existe um processo por trás que envolve
graduar as dificuldades da pessoa, de modo a começar do mais fácil pro mais
difícil, e todo um trabalho de manejo da ansiedade. Mas isso já seria um outro
post!
Com TOC ou sem
TOC, se você tem uma mania aqui e outra ali, se está cheio de regrinhas no seu
dia a dia, é bom prestar atenção, pois muito provavelmente existe um traço de
rigidez, perfeccionismo dentro de você, e ser 8 ou 80 não vai te ajudar muito
não. Buscar as suas certezas e convicções e querer que o mundo à sua volta se
adapte a elas, dificilmente te trarão tranqüilidade, senão uma busca incessante
por um bem-estar, que muitas vezes está em flexibilizar.
Pra rirmos um pouquinho, um trechinho do filme que exemplifica muito bem o que é o dia a dia de alguém com TOC (Melhor é Impossível).
Tome nota:
existem associações em algumas cidades do Brasil que prestam apoio aos
pacientes com TOC e seus familiares através de reuniões mensais, são as Astoc’s.
Procure pela ASTOC da sua cidade. No caso do Rio de Janeiro, temos a Riostoc,
onde as reuniões acontecem no último sábado de cada mês. Abaixo segue o link da
Riostoc:
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