Alma Gêmea

Por Angélica Prazeres

Andei pensando se os adolescentes hoje em dia ainda têm como referencial amoroso "encontrar a sua alma gêmea". 

Num tempo que príncipe encantado já foi destronado por um ogro super adorável, que as mulheres falam com orgulho que "a fila anda" e que esbarramos por aí com homens mais preocupados com a aparência que nós mulheres...eu achei que essa ideia de "procurar a metade" tinha restado somente para os românticos incorrigíveis.

Mas parece que não...

As pessoas continuam com a ideia de que só serão felizes quando encontrarem aquela pessoa que poderá completá-la. 
E se encaixar no perfil está cada vez mais difícil...



Melhor alguém que pensa como eu ou alguém que me desafia? 
Alguém que me faz rir o tempo todo ou alguém mais sério, responsável?
Uma pessoa linda que vou desfilar por aí e todos vão morrer de inveja ou alguém assim, normal, sem chamar muita atenção para ninguém tentar tirá-lo/a de mim?
Será melhor uma pessoa independente, cheia de personalidade ou uma mais quietinha, com opiniões comuns, sem inventar muita moda?

Ai, que dúvida...o que será que nos faz mais feliz em um relacionamento?
Você já tem a sua resposta?


Parece que toda essa escolha depende mesmo da nossa própria personalidade. 
E não do outro. 

A receptividade que as pessoas têm ao "ah, a gente é tão parecido", é de tamanha espontaneidade que se bobear vira paixão.
Até parece que nós somos é muito apaixonados por nós mesmos, hein? 
Gostar logo de cara de alguém que tem características super parecidas conosco é uma reafirmação de que nós somos assim, digamos, super interessantes.

Mas parece que o povo que investiga sobre casais anda dizendo que pessoas muito parecidas tendem a se dar bem a curto prazo, nos primeiros meses ou ano de namoro, pois eles se conectam com muito mais facilidade. 
Mas que a longo prazo, seria mais interessante procurar uma pessoa com personalidade e gostos um pouco diferentes, pois assim seria mais fácil dividir tarefas e evitar o tédio.

Por outro lado, outros estudos feitos ao redor do mundo sobre a personalidade dos amantes mostraram que o que importa mesmo para um relacionamento dar certo são alguns traços da nossa própria personalidade. 
Parece que a nossa disposição para cooperar, para resolver um problema e a sociabilidade são os traços de personalidade mais importantes na manutenção de um relacionamento. 






Faz sentido. Se estamos abertos a olhar um problema no relacionamento como algo que a gente pode ajudar a resolver (pensar junto, diminuir a crítica durante as tentativas frustradas, equilibrar as expectativas já que está claro para os dois que há uma dificuldade em correspondê-las) as chances desse problema ser resolvido são bem maiores.

Enfim, mais uma vez esses estudiosos vêm falar que nós podemos estar a frente da nossa vida, das nossas escolhas, das nossas buscas amorosas, das nossas ações e reações perante o outro e então dos nossos relacionamentos. 
Mas falar e pesquisar é fácil. 




Se não está dando "certo" constantemente, assim, num relacionamento atrás do outro, é bem possível que alguma crença amorosa que o sujeito tem esteja um pouquinho inadequada.
E você sabe que no quesito amor, as pessoas se apegam a ideias como se ideias fossem verdades absolutas e não somente ideias. Que coisa louca né? 
Quando estamos sob a química da paixão essas ideias perdem total razão, a alma pode até não ser nem um pouco gêmea que está valendo, nada disso importa sob essas condições. 

Mas se essa história de relacionamento amoroso tem tanto a ver com nós mesmos como estão dizendo os pesquisadores por aí, a ideia não é procurar alma gêmea nenhuma. 
É isso?
Teríamos mesmo é que desenvolver nossa personalidade para sermos mais receptivos, mais compreensivos e mais animadinhos a interagir. 

Poxa, mas isso dá um trabalhão, estava entendendo que isso justamente acontece automaticamente quando a gente se depara com a nossa Alma Gêmea
Assim, com música de fundo e tudo.

Não é assim? Vou ter que me mexer? Sair de casa? Arrumar minha cabeleira? Sorrir? Escutar os problemas? E ainda tentar ajudar a resolvê-los como se eu fosse parte deles? 

É, estar a frente da nossa vida parece dar trabalho. Gasta uma bela energia.

Vai ver que é por isso que recebemos conselhos aos montes por aí sobre se "dar o valor", "não dar trela para quem não nos merece". Agora começo a entender...

Parece que as nossas "metades" estão dentro da gente mesmo.

O que, sinceramente, soa como um grande alívio para mim.

Esta história de encontrar metade eu deixo com os românticos de plantão.

Eu gosto mesmo é de pessoas inteiras ;)


















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